Por Galileu
Cidades cada vez mais digitais ainda carecem de tecnologias que possam ser usadas pelo poder público para planejamento e gestão. A renovação dos parques de iluminação em curso em diversos municípios brasileiros pode ser o ponto de partida para a implementação e integração dessas inovações
09/12/2015 - 12H12/ ATUALIZADO 12H12 / POR EQUIPE CAMINHOS PARA O FUTURO / OFERECIMENTO GE
ANDRE GOMYDE, PRESIDENTE DA REDE BRASILEIRA DE CIDADES INTELIGENTES E HUMANAS (FOTO: RAONI MADDALENA)
Sensores de movimento nos carros e estacionamentos, câmeras de vigilância conectadas, internet móvel nos celulares, georreferenciamento (GPS) e outras tantas tecnologias há tempos fazem parte do dia a dia das cidades brasileiras. As novidades já são individualmente usadas por pedestres, motoristas, prestadores de serviços, donos de estabelecimentos e pelo poder público. Mas é a integração destas inovações que irá moldar as cidades do futuro e torná-las mais inteligentes. Tal mecanismo possibilita a coleta de uma quantidade enorme de dados, como a posição e as condições de praticamente todos os serviços e agentes urbanos — carros, bicicletas, pessoas, postes de iluminação.
Para que essa integração se torne realidade, é preciso de uma rede que centralize as informações em um sistema capaz de analisar e encontrar um sentido para todos os dados, segundo André Gomyde Porto, presidente da Rede Brasileira de Cidades Inteligentes e Humanas. Ele explica que cidades inteligentes são as que usam tecnologias digitais para resolver problemas urbanos, melhorar a qualidade dos serviços, reduzir custos e consumo de recursos, e se comunicar mais efetivamente com os cidadãos. “A diferença entre o conceito de cidade digital e o de cidade inteligente é justamente o uso de um sistema gerencial que faça integração das tecnologias e torne possíveis esses avanços”, diz Porto.
Para que essa integração se torne realidade, é preciso de uma rede que centralize as informações em um sistema capaz de analisar e encontrar um sentido para todos os dados, segundo André Gomyde Porto, presidente da Rede Brasileira de Cidades Inteligentes e Humanas. Ele explica que cidades inteligentes são as que usam tecnologias digitais para resolver problemas urbanos, melhorar a qualidade dos serviços, reduzir custos e consumo de recursos, e se comunicar mais efetivamente com os cidadãos. “A diferença entre o conceito de cidade digital e o de cidade inteligente é justamente o uso de um sistema gerencial que faça integração das tecnologias e torne possíveis esses avanços”, diz Porto.
Luz, câmera, ação!
A “inteligência digital” pode ser aplicada em qualquer área: saneamento, energia, saúde, educação, segurança etc. E boa parte da tecnologia já está disponível no mercado. Um exemplo são luminárias LED que podem ser controladas à distância, acendidas ou apagadas de acordo com a necessidade e interligadas a outros sistemas. A cidade de Sonsonate, em El Salvador, por exemplo, adotou o sistema LightGrid, que permite controlar os pontos de iluminação nas ruas e rodovias da cidade inteira a distância. “As lâmpadas LED possuem chips, o que permite conectá-las à internet através de um pequeno dispositivo instalado em cima das luminárias”, diz Eduardo Polidoro, diretor de produtos da GE Lighting América Latina, empresa que criou o sistema. Uma vez conectadas, um software reúne as informações sobre cada ponto e permite que os gestores programem o acendimento ou a intensidade das luzes. “Além disso, iluminação LED é mais moderna e eficiente energeticamente. Pode ter uma economia de até 60% e uma vida útil até 400% maior”, diz Polidoro. “E por causa dos chips, o LED também possibilita a conexão com uma infinidade de dispositivos”.
Sensores de áudio, vídeo, movimento ou de características ambientais, como temperatura e qualidade do ar, podem ser acoplados aos postes de luz, que são semelhantes aos já existentes. A diferença é que, se o programa de controle da iluminação LED a distância já estiver instalado, as informações podem ser enviadas a uma central a partir do mesmo dispositivo que conecta as lâmpadas. A prefeitura de San Diego, nos EUA, por exemplo, monitora em tempo real o estacionamento de carros em vias públicas através de um sistema instalado nos postes de iluminação. Outro mecanismo disponível é o ShotSpotter, um detector de ruídos que avisa a central de polícia, em 15 segundos, sobre tiros de armas de fogo. Pelo barulho, ele consegue detectar o tipo de arma usada e a localização do disparo — de maneira mais confiável do que relatos de pessoas pelo atendimento de emergência. A cidade de San Francisco, nos EUA, por exemplo, conseguiu reduzir a criminalidade em 50% com o uso do Shotspotter.
No Brasil, há atualmente 53 projetos de PPP (Parceria Público Privada) em andamento para a renovação do sistema de iluminação urbana, segundo Rodrigo Reis, sócio da Radar PPP. “Utilizar o parque de iluminação para capturar informações é uma boa oportunidade de integrar tecnologias, uma vez que as cidades já estão se planejando para fazer a troca”, diz André Gomyde Porto. O conceito de cidades inteligentes vem ganhando espaço. O mercado será de US$ 1 trilhão até o ano que vem, de acordo com uma pesquisa da Pike Research, consultoria americana especializada em tecnologias limpas. Até 2023, a receita gerada para empresas que vendem soluções deve atingir US$ 27 bilhões. E os benefícios podem se estender à logística de eventos, ajudando a evitar congestionamentos e filas, à prestação de serviços, e até no planejamento de políticas públicas, à medida que esses avanços tornam o feedback mais fácil e rápido e são criados canais mais diretos de comunicação entre cidadãos e administradores.
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