quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Integração de diferentes tecnologias torna cidades mais inteligentes

Por Galileu

Cidades cada vez mais digitais ainda carecem de tecnologias que possam ser usadas pelo poder público para planejamento e gestão. A renovação dos parques de iluminação em curso em diversos municípios brasileiros pode ser o ponto de partida para a implementação e integração dessas inovações

09/12/2015 - 12H12/ ATUALIZADO 12H12 / POR EQUIPE CAMINHOS PARA O FUTURO / OFERECIMENTO GE

Andre Gomyde (Foto: Raoni Maddalena)

ANDRE GOMYDE, PRESIDENTE DA REDE BRASILEIRA DE CIDADES INTELIGENTES E HUMANAS (FOTO: RAONI MADDALENA)

Sensores de movimento nos carros e estacionamentos, câmeras de vigilância conectadas, internet móvel nos celulares, georreferenciamento (GPS) e outras tantas tecnologias há tempos fazem parte do dia a dia das cidades brasileiras. As novidades já são individualmente usadas por pedestres, motoristas, prestadores de serviços, donos de estabelecimentos e pelo poder público. Mas é a integração destas inovações que irá moldar as cidades do futuro e torná-las mais inteligentes. Tal mecanismo possibilita a coleta de uma quantidade enorme de dados, como a posição e as condições de praticamente todos os serviços e agentes urbanos — carros, bicicletas, pessoas, postes de iluminação.

Para que essa integração se torne realidade, é preciso de uma rede que centralize as informações em um sistema capaz de analisar e encontrar um sentido para todos os dados, segundo André Gomyde Porto, presidente da Rede Brasileira de Cidades Inteligentes e Humanas. Ele explica que cidades inteligentes são as que usam tecnologias digitais para resolver problemas urbanos, melhorar a qualidade dos serviços, reduzir custos e consumo de recursos, e se comunicar mais efetivamente com os cidadãos. “A diferença entre o conceito de cidade digital e o de cidade inteligente é justamente o uso de um sistema gerencial que faça integração das tecnologias e torne possíveis esses avanços”, diz Porto.
Luz, câmera, ação!

A “inteligência digital” pode ser aplicada em qualquer área: saneamento, energia, saúde, educação, segurança etc. E boa parte da tecnologia já está disponível no mercado. Um exemplo são luminárias LED que podem ser controladas à distância, acendidas ou apagadas de acordo com a necessidade e interligadas a outros sistemas. A cidade de Sonsonate, em El Salvador, por exemplo, adotou o sistema LightGrid, que permite controlar os pontos de iluminação nas ruas e rodovias da cidade inteira a distância. “As lâmpadas LED possuem chips, o que permite conectá-las à internet através de um pequeno dispositivo instalado em cima das luminárias”, diz Eduardo Polidoro, diretor de produtos da GE Lighting América Latina, empresa que criou o sistema. Uma vez conectadas, um software reúne as informações sobre cada ponto e permite que os gestores programem o acendimento ou a intensidade das luzes. “Além disso, iluminação LED é mais moderna e eficiente energeticamente. Pode ter uma economia de até 60% e uma vida útil até 400% maior”, diz Polidoro. “E por causa dos chips, o LED também possibilita a conexão com uma infinidade de dispositivos”.
Sensores de áudio, vídeo, movimento ou de características ambientais, como temperatura e qualidade do ar, podem ser acoplados aos postes de luz, que são semelhantes aos já existentes. A diferença é que, se o programa de controle da iluminação LED a distância já estiver instalado, as informações podem ser enviadas a uma central a partir do mesmo dispositivo que conecta as lâmpadas. A prefeitura de San Diego, nos EUA, por exemplo, monitora em tempo real o estacionamento de carros em vias públicas através de um sistema instalado nos postes de iluminação. Outro mecanismo disponível é o ShotSpotter, um detector de ruídos que avisa a central de polícia, em 15 segundos, sobre tiros de armas de fogo. Pelo barulho, ele consegue detectar o tipo de arma usada e a localização do disparo — de maneira mais confiável do que relatos de pessoas pelo atendimento de emergência. A cidade de San Francisco, nos EUA, por exemplo, conseguiu reduzir a criminalidade em 50% com o uso do Shotspotter.
No Brasil, há atualmente 53 projetos de PPP (Parceria Público Privada) em andamento para a renovação do sistema de iluminação urbana, segundo Rodrigo Reis, sócio da Radar PPP. “Utilizar o parque de iluminação para capturar informações é uma boa oportunidade de integrar tecnologias, uma vez que as cidades já estão se planejando para fazer a troca”, diz André Gomyde Porto. O conceito de cidades inteligentes vem ganhando espaço. O mercado será de US$ 1 trilhão até o ano que vem, de acordo com uma pesquisa da Pike Research, consultoria americana especializada em tecnologias limpas. Até 2023, a receita gerada para empresas que vendem soluções deve atingir US$ 27 bilhões.  E os benefícios podem se estender à logística de eventos, ajudando a evitar congestionamentos e filas, à prestação de serviços, e até no planejamento de políticas públicas, à medida que esses avanços tornam o feedback mais fácil e rápido e são criados canais mais diretos de comunicação entre cidadãos e administradores.

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